Pai

Há anos eu assumi uma responsabilidade pensando em apenas uma coisa:
Eu queria ser pelo menos 50% do você foi para mim, queria ao menos conseguir passar metade dos momentos, ter metade das experiencias e ensinar metade dos valores que você me deixou.
Hoje, depois de um bom tempo eu vejo que foi um erro, que infelizmente nunca vou conseguir ser igual à você e pelo jeito, não chegarei nem perto.

Não há um dia que eu não pense o quanto muita coisa seria diferente se você estivesse aqui, não tem como ouvir Gonzaguinha e não sentir como se você estivesse aqui, ao meu lado, cantando, tocando violão, me corrigindo, me ensinando e me apoiando com uma paciência que eu, sinceramente não sei de onde vinha. Só você mesmo para ficar horas ali, ao meu lado sem que eu conseguisse fazer um simples sequencia de sol e mesmo assim me incentivar, me dar apoio e dizer que eu era capaz.
Impossível ir ao Pacaembu, sentir o que eu sinto pelo Corinthians e não lembrar daquele gol do neto em 88 de bicicleta contra o Corinthians e depois, comemoramos juntos em 92 o troco, gol do neto de bicicleta contra o mesmo guarani e eu lembro de tudo isso, como se não tivesse apenas 4 e 8 anos.

As noites na oficina, os livros sobre umbanda e principalmente a liberdade que você sempre me deu para escolher o que eu achasse que deveria fazer. Talvez, eu tenha te perdido cedo demais, talvez eu não tenha tido tempo de aprender tudo que deveria ter aprendido, mas no fundo, os erros são apenas meus.... Erros, que infelizmente não são fáceis ou simplesmente nunca serão reparados.

Tantas coisas aconteceram, tantos momentos passaram, são mais de dez anos e em muitos deles, a única coisa que eu queria era apenas ouvir um conselho seu ou ao menos ter o seu abraço para me confortar e o seu apoio com aquele certeza de que eu saberia o que fazer.

Você faz falta, muita falta....